Cenário climático e definições da safra devem conferir volatilidade ao milho

Área norte-americana e colheita na América do Sul – junto às incertezas climáticas – irão desenhar oferta do cereal nos próximos meses

O mercado de milho deve apresentar volatilidade nos próximos meses, em contexto de definição de área no hemisfério norte e o desenvolvimento e início da colheita na América do Sul indicando um cenário para a oferta nestas regiões. “Caso a área norte-americana seja ajustada para cima, a tendência seria mais baixista para Chicago nos próximos meses; entretanto, os dados de demanda nos EUA podem fornecer algum suporte como fizeram nas últimas semanas”, avalia o Analista de Mercado da INTL FCStone, João Macedo.

Considerando as estimativas para o plantio norte-americano da safra 2018/19, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) espera uma área de 88,03 milhões de acres, a menor superfície destinada ao milho desde 2015. A expectativa do Departamento é de perda de espaço da soja e do milho para o trigo de primavera, que está com cotações atrativas. Entretanto, as condições climáticas atuais no Meio-Oeste do país estão longe do ideal para a semeadura.

“O início de abril segue registrando baixas temperaturas e há presença de neve em importantes estados produtores, o que, juntamente com a elevação recente das cotações em Chicago, pode levar o milho a retomar parte das intenções perdidas para o trigo”, pondera o grupo, em relatório especial divulgado no início desta semana.

Na América do Sul, as estimativas para a produção argentina de milho apresentaram recuo gradual, ilustrando o impacto da falta de precipitações sobre os rendimentos. Até o começo de abril, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires (BCBA) esperava uma oferta de 32 milhões de toneladas, intensa queda de 18% frente à colheita de 39 milhões de toneladas verificada em 2016/17.

Em contrapartida, no Brasil as estimativas da Conab demonstravam avanço em abril, com as boas condições climáticas no trimestre favorecendo a produtividade da safra verão. Espera-se uma oferta total de 88,62 milhões de toneladas, 9,4% abaixo da produção recorde do ano passado devido à queda da área de verão.

“Este número, entretanto, ainda pode apresentar muita variação nos próximos meses, durante o período de desenvolvimento da segunda safra. O mercado deve ficar muito concentrado no desenvolvimento da safrinha, que é responsável por cerca de 70% da oferta brasileira de milho e possui grande impacto na competitividade brasileira de exportação do grão”, alerta a INTL FCStone, em relatório.

Destaca-se que o cenário climático requer atenção para o desenvolvimento da segunda safra e, para este mês de abril, já não são esperadas chuvas regulares em algumas áreas do Centro-Oeste e do Sul do país.

“Enquanto no Sul brasileiro há uma maior umidade no solo devido às chuvas de março, o que pode limitar o impacto do tempo seco em abril, em algumas áreas do Centro-Oeste a umidade vem declinando há algum tempo, aumentando a vulnerabilidade das lavouras se não forem registradas chuvas em bons volumes”, explica Macedo.

De acordo com a leitura de mercado da consultoria, caso a precipitação fique abaixo da média, é possível que haja uma redução do rendimento médio nacional – abrindo espaço para um suporte nas cotações no mercado interno brasileiro, o que pode gerar impacto sobre as exportações do segundo semestre, diante da perda de competitividade. “Neste cenário, há possibilidade de vendas norte-americanas mais aquecidas, mantendo suporte em Chicago”, resume.

 

Fonte: INTL FCStone

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