Novas oportunidades de vendas para o produtor de soja brasileiro com perdas na safra nos EUA

No pico do mercado climático, os preços da soja formatados na Bolsa de Chicago, por mais uma semana, foram direcionados pelas condições observadas no Meio-Oeste norte-americana. Algumas chuvas foram observadas no último final de semana, pressionaram as cotações momentaneamente, porém, foram insuficientes para aliviar a situação das áreas que têm sido castigadas pela seca e, consequentemente, para pesar mais sobre os preços.

Além disso, boa parte das projeções de chuvas que apareceram nos modelos climáticos ao longo desta semana não foram confirmadas. “E assim, continua a preocupação dos produtores americanos e as projeções não estão legais”, relata o analista de mercado Matheus Pereira, da AgResource Brasil, direto de Chicago, em entrevista ao Notícias Agrícolas nesta sexta-feira.

Ainda assim, depois de toda essa volatilidade, os futuros da soja, no balanço semanal, ficou em campo positivo, com perdas de 0,81% a 0,90% entre os contratos mais negociados. O vencimento novembro/17, na sessão desta sexta-feira, terminou os negócios com US$ 10,13 por bushel.

O cenário de seca é preocupante e já leva, portanto, a consultoria a estimar perda de até 3,5 milhões de toneladas de soja na safra dos Estados Unidos, com um potencial ainda maior dessas perdas, uma vez que a cultura entre em agosto, nos próximos dias, que é o mês mais crítico para seu desenvolvimento.

“Se essas condições continuarem se agravando no Oeste do Cinturão e no norte das Planícies, essas perdas podem se agravar muito mais”, diz Pereira. “A primeira quinzena de agosto não tem previsões favoráveis, a seca continua se expandindo e se expandindo, inclusive, para o leste do Cinturão, onde hoje a situação é mais confortável”, completa.

A tendência para o mercado internacional, neste momento, portanto, é ainda de tensão e, ao mesmo tempo, cautela e especulação. Novos mapas climáticos chegam mais de uma vez por dia e acabam dando menos espaço para uma direção bem definida para as cotações em Chicago.

“Nosso meteorologista aqui na AgResource já vem prevendo um padrão mais árido para o mês de agosto, o que deve voltar a trazer suporte aos preços. Só que com esses mapas mudando muito, a especulação se afasta um pouco, e espera que eles se alinhem mais para voltar a adicionar prêmio climático”, explica Pereira.

Preços no Brasil

No Brasil, o dólar voltou a cair e, nesta sexta-feira, fechou, mais uma vez, abaixo dos R$ 3,15. Na semana, a baixa acumulada foi de 0,19% e no mês já chega a 5,38% até esta sessão. A movimentação semanal do câmbio também foi volátil e trouxe falta de direção também para a formação dos preços da soja no Brasil.

Entre portos e as principais praças de comercialização, as cotações testaram as duas variações – de altas e baixas – Brasil a fora. Dessa forma, os negócios também ficaram limitados nos último dias no mercado brasileiro, segundo explicam analistas e consultores.

Em Mato Grosso, algumas praças anotaram ganhos de mais de 3% – como em Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis -, enquanto outras como Sorriso e Itiquira recuaram até 2,16%. As referências no estado variam entre R$ 53,00 e R$ 61,00 por saca. No sul do país, a maior parte dos indicativos recuaram nesta semana.

Nos portos, a soja disponível encerrou a semana testando entre R$ 71,00 e R$ 72,50 por saca, enquanto a safra nova fechou com R$ 73,00 no terminal de Paranaguá e R$ 76,00 no de Rio Grande.

Ainda de acordo com o analista da AgResource, o momento é de um pouco mais de cautela e talvez de manter-se retraído frente a novos negócios diante da possibilidade de mais oportunidades projetadas a frente. “Acreditamos que a soja na CBOT vão trazer novas altas, mas é preciso acompanhar caso a caso cada produtor. Em termos gerais, porém, os preços devem subir com essas secas chegando no mês de agosto”, diz Matheus Pereira.

Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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