Integração aumenta produção de carne no Matopiba

As pastagens tiveram um salto de aproveitamento, chegando a produzir, em média, 9,8 @/ha na entressafra, período mais seco do ano

Levantamento encomendado pela Rede de Fomento à Integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), parceria da Embrapa com o setor privado, mostrou que a adesão aos sistemas integrados só cresce no Brasil. Divulgado em novembro do ano passado, o estudo revela que 11,5 milhões de hectares já estão cobertos por algum desses sistemas. O Matopiba — que abrange parte dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e o oeste da Bahia, tendo uma área total de 73 milhões de ha — responde por 24% desse total, com 792.592 ha tomados pela integração, ou 15% da área de ILPF do país.

De acordo com o  Coordenador Regional da Rede Fomento para Transferência de Tecnologias em ILPF na Região Matopiba, Marcos Lopes Teixeira Neto, esse é um caminho sem volta, principalmente nesta zona, castigada pela falta de chuvas. “Estamos falando de uma região conhecida por produzir no passado o ‘boi sanfona’, que engordava nas águas e emagrecia na seca”, diz Teixeira Neto. Em 2016, segundo ele, um período de cerca de sete meses sem chuva trouxe prejuízos da ordem 2/3 da produção para produtores que não adotavam sistemas integrados, enquanto que para estes as perdas não passaram de 1/3.

A resposta para essa diferença está no incremento das alternativas disponíveis para o produtor, que diversifica suas fontes de renda. Além disso, segundo Teixeira Filho, na melhoria dos aspectos físicos, químicos e biológicos solo, proporcionado para pela entrada das forrageiras no sistema, que elevam a quantidade de matéria orgânica no meio e contribuem para a ciclagem de nutrientes.

“Assim, o produtor ganha em qualidade do  pasto, comparativamente aos sistemas convencionais”, afirma o pesquisador. Na Fazenda Fazenda Santa Luzia em São Raimundo Mangabeiras, MA, unidade de referência da Embrapa, a produtividade da soja subiu de 47 sacas/ha, há 10 anos, para uma média de 59,5 sacas/ha. O rendimento do milho saltou de 90 sacas/ha para 153 sacas/ha. E a produção de carne, por sua vez, Teixeira Filho afirma que saiu de um patamar ínfimo, em que se tinha 0,8 UA/ha na seca para 9,8 @/ha na entressafra, com 2,4 UA/ha. “Terminar um boi que entra no pasto em maio, junho com 10@ no Matopiba e fazer com que ele saia, quatro meses depois, em setembro, outubro, com 17, 18@ é um grande avanço para nós”, diz o técnico da Embrapa. Além do pasto, nesse intervalo os animais são suplementados com sal proteinado. Nos últimos 10 anos de experimento, a produção de madeira foi de 280 m³, para lenha e carvão.

No período das chuvas, parte da área fica coberta pela safra de soja, enquanto o restante é dedicado à pastagem permanente, eucalipto, acácia mangium e à preservação permanente (APP). Após a colheita da soja, em uma porção se faz a semeadura da safrinha de milho e forrageiras na primeira janela de plantio; sorgo granífero e feijão comum ou feijão-caupi na área da segunda janela de plantio e milheto e Braquiária ruziziensis em sobressemeadura da soja na última janela de plantio, completando o uso da área na entressafra com terminação de bois na pastagem oriunda do consórcio, além do eucalipto, acácia mangium e a APP. O processo é repetido sucessivamente.

Nos dias 1° e 2 de junho próximo, tudo isso poderá ser visto de perto pelos produtores que visitarem a unidade de referência em em São Raimundo Mangabeiras, MA. De acordo com Teixeira, esse é o segundo evento promovido pela Rede de Fomento na área, com o intuito de apresentar novas alternativas para o agricultor e pecuarista da região. Hoje, 89% das é areas de integração no Matopiba, segundo a Embrapa, adotam o sistema ILP, 5% o ILPF e 6% o IPF.

Boi tropical – No dia de campo deve ser apresentado mais uma vez ainda o boi tropical, cruzamento industrial da raça brasileira Curraleiro Pé-Duro com raças como o Nelore, Senepol e Angus. Segundo Texeira, em 2017 deve acontecer a primeira comercialização de sêmen desse animal, com a venda de mil doses. O novo bovino, criado em pastagens nativas, é mais precoce que o Nelore e vai para o abate com apenas dois anos de idade, pesando 45 quilos de carne a mais. Sua adaptabilidade é maior quanto ao calor, escassez de água e condições das pastagens nativas brasileiras.

Fonte: Portal DBO

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