Transporte de produtos do agronegócio sofreu mais com alta do diesel

Os reajustes do diesel de janeiro de 2017 para cá, que levaram caminhoneiros a entrar em greve esta semana no país, têm impacto significativo para o agronegócio porque as rotas operadas por transportadores de grãos e cana são mais longas e marcadas por estradas em más condições.

Levantamento do Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial (EsalqLog) mostra que, entre Sorriso, em Mato Grosso, e o terminal hidroviário de Itaituba, no Pará, o custo dos transportadores subiram 6% no período apenas por causa da escalada do combustível.

Se o caminhoneiro é autônomo, o que para as cargas do agronegócio é uma realidade em 70% dos casos, foi ele mesmo que absorveu esse aumento e, na maioria dos casos,  não conseguiu repassá-lo a produtores ou consumidores.

Como observa Thiago Péra, pesquisador e coordenador do EsalqLog, os autônomos não têm contratos formais com os embarcadores, que não aceitaram os repasses. “Ou o motorista leva o produto pelo preço acordado, ou outro é contratado”, diz.

De acordo com a análise de Péra, o custo do combustível para o transportador de longa distância chega a quase a 40% do total. “Rotas rodoviárias mais deficientes são mais sensíveis às variações de preços do óleo diesel do que rotas de melhor qualidade”, afirma.

Em exemplo é a BR-163, que liga o norte de Mato Grosso a Itaituba. Com alguns trechos em péssimas condições, a rodovia faz o motorista gastar mais com combustíveis do que nas estradas que levam ao porto de Santos, no litoral paulista.

Péra aponta que os preços de óleo diesel nos postos acumularam altas de 13%, 16,1% e 14,9% nos Estados de Mato  Grosso, São Paulo e Paraná, respectivamente, entre janeiro do ano passado e maio último.

Se de Sorriso a Itaituba o impacto da valorização sobre os custos de transporte foi de 6%, na rota multimodal de exportação de Sorriso ao terminal ferroviário de Rondonópolis (MT) foi de 5,3% e entre Toledo (PR) e porto de Paranaguá (PR) foi  de 5,1%.

Esses aumentos significaram altas de R$ 9,05 por tonelada de grãos transportada entre Sorriso e Santos, de R$ 6,74 entre Sorriso e Itaituba, de R$ 2,92 entre Sorriso e Rondonópolis e de R$ 2,79 entre Toledo e Paranaguá. No caso da cana, na rota de Ribeirão Preto ao porto de Santos o aumento foi de R$ 0,60 por tonelada.

A EsalqLog estima que o transporte de produtos do agronegócio movimentou, no total, R$ 105 bilhões em 2017. Esse valor é calculado com base no preço dos fretes, e o combustível é um fator  menos importante que os fundamentos de oferta e demanda.

“No auge da safra, o valor do frete sobe, independentemente do que ocorre com os custos do caminhoneiro. Da mesma forma, a queda é garantida na entressafra. Então, não é possível dimensionar os aumentos do diesel no montante transacionado pelo setor”, conclui Péra.

 

Fonte: Valor Econômico

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