As exportações brasileiras de arroz devem encerrar o ano-safra, que termina em 28 de fevereiro do ano que vem, em 1,5 milhão de toneladas, projetou ontem a Camil em encontro com analistas, em São Paulo.
Conforme o diretor de suprimentos da empresa, André Ziglia, os embarques elevados, puxados pelo câmbio e pelo maior preço do arroz norte-americano, não devem se repetir no ciclo seguinte. “No ano que vem, a tendência é retornar a 1,2 milhão de toneladas por ano ”, afirmou. Em 2017, o País embarcou 870 mil toneladas do cereal.
Neste cenário, a empresa ampliou entre 100% a 120% as exportações em 2018, dependendo do produto.
“Exportamos mais valor agregado ligado ao varejo diretamente, não a trading. É um segmento que nós achamos que seria mais estável”, ponderou o executivo.
Conforme Ziglia, o mercado internacional anda de lado, com recuo de preços nos Estados Unidos nos últimos meses. “Isso pode deixar menos competitivo o Mercosul como um todo na América Central e nos destinos de arroz em casca, que são Venezuela e Nicarágua”, projetou o diretor.
O plantio da nova safra, que está prestes a ser encerrado no Rio Grande do Sul, principal produtor de arroz irrigado, deve ocupar 1,007 milhão de hectares no estado, segundo estimativa do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).
Para o executivo, porém, a área semeada deve chegar a 1,025 milhão de hectares. “A redução não tem sido tão grande quanto a proporção de falta de rentabilidade”, destacou. “O produtor é muito resiliente e pela baixa disponibilidade de fazer outra atividade nas áreas de várzea, ele acaba se mantendo na atividade.”
Na safra passada, o Brasil produziu 8,4 milhões de toneladas e a previsão do Irga para este ano é de 7,5 milhões de toneladas. “Se o clima se mantiver, a safra deverá ser muito parecida com a do ano passado, tanto em volume quanto em qualidade.” Na avaliação do diretor, o cenário para o próximo ano deve ser de preços mais estáveis do que neste ano, se o patamar cambial permanecer como está.
Investimentos
O CEO da companhia, Luciano Quartiero, reforçou a intenção da empresa em fazer aquisições no Brasil ou no exterior, seja em novos segmentos – como derivados de trigo e café – ou naqueles em que já atua.
Segundo ele, a intenção é usar recursos próprios vindos do IPO para as aquisições. “A nossa dívida está abaixo de 2 vezes (relação dívida líquida/Ebitda), e nosso limite é 3,5 vezes, então tem espaço para uma alavancagem adicional.”
Ele ainda afirmou que a família tem a disposição de ficar com menos de 50% da companhia. “Isso cria espaço para usar ações em pagamento ou emitir novos papéis. A capacidade financeira é grande.”
A empresa concluiu a aquisição da SLC Alimentos, que possui a marca Namorado, no começo deste mês. “A expectativa é de que tenhamos todas as sinergias capturadas em seis meses”, estimou.
Fonte: DCI