Bayer vai atrás das ‘estrelas’ do agronegócio

Companhia alemã montou estúdio em sua sede, em São Paulo, para apoiar influenciadores digitais do setor

Um dos erros mais comuns no marketing no mundo atual, segundo especialistas, é pensar a internet como uma mídia de massa. Na verdade, o digital é o oposto disso. É um lugar que os usuários moldam à sua própria imagem, interesse e valores. “Há uma questão de identificação”, diz Bia Granja, fundadora da Youpix, aceleradora da indústria de criadores digitais. Em um dos últimos relatórios da empresa, apareceu a forte tendência de explicação de nichos. Ou seja: para falar com um determinado público, é necessário entendê-lo e estar próximo dele.

Ao observar essa tendência, a gigante alemã Bayer, que recentemente concluiu sua união com a americana Monsanto, tornado-se a maior força global em herbicidas e sementes, decidiu montar um estúdio em São Paulo para incentivar a produção de vídeos por influenciadores do agronegócio. São os típicos influenciadores de nicho: não têm uma grande audiência em seus canais, mas são relevantes para quem precisa de informação específica sobre o campo.

 

Por semana, cinco influenciadores fazem uma imersão de dois dias no estúdio. No primeiro, recebem treinamento e consultoria de comunicação. Os cursos os ensinam a se portar diante das câmeras, a pensar temas e a elaborar o próprio roteiro. No segundo dia, eles trabalham por duas horas, com ajuda de uma produtora, para gravar até quatro vídeos a serem publicados na web.

Os conteúdos serão postados na página de cada um na rede AgroServices e posteriormente liberados para que sejam publicados nas respectivas redes sociais de cada um. A empresa não banca os custos de deslocamento, estadia e alimentação. Mesmo assim, o interesse tem sido grande – neste ano, cerca de cem vídeos devem ser produzidos.

Desde 2015, a empresa mantém a AgroServices, um portal no qual clientes podem acessar profissionais de diferentes segmentos e trocar seus serviços por pontos recebidos a cada real gasto na compra de produtos da marca. Já são cerca de 500 serviços disponíveis e 125 mil produtores rurais cadastrados.

Novo perfil 

Uma das mudanças que a rede deixou clara para a Bayer foi uma maior abertura do profissional do agronegócio para as compras online. “Antigamente, os profissionais (do setor) precisavam do olho no olho, de um consultor que fosse até ele e olhasse a planta. Isso ainda predomina, mas tem mudado”, afirma Thiago Junqueira, gerente de estratégia e engajamento da Bayer.

Diante desse diagnóstico, a empresa identificou que era possível que os profissionais que faziam parte da AgroServices se relacionarem com seus potenciais clientes pelas redes sociais. A ideia é criar toda uma geração de “youtubers” do agro. “Queremos que esses influenciadores se digitalizem. Podemos ajudá-los a ganhar visibilidade”, diz Junqueira.

Apesar de muitos dos influenciadores serem consultores, professores e palestrantes, poucos possuem familiaridade com as câmeras. Um exemplo é Rainer Souza, gerente de planejamento na Safra 4.0, empresa que busca levar soluções tecnológicas para o campo. Mesmo acostumado a dar treinamentos e a fazer palestras, ficou apreensivo diante da câmera. “A ideia é levar informação, então precisei adaptar minha fala para ser algo mais natural”, diz. Para ele, o mais difícil foi imaginar a pessoa que vai assistir do outro lado.

A linguagem adotada nos vídeos dos influenciadores auxiliados pela Bayer não é publicitária. Ao optar por esse caminho, a empresa se alinha a várias marcas, que constroem narrativas, em vez de só falarem de si mesmas e de seus produtos. Avon, L’Oréal, Bradesco e Magazine Luiza têm seguido essa tendência. “As pessoas não recorrem mais às marcas, mas sim a quem as usa, e temos visto muitas delas tentando se associar a alguns nichos”, diz Mateus Braga, diretor executivo da agência de publicidade Isobar.

 

Fonte: O Estado de S.Paulo

 

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