Semana decisiva para impasse entre governo e caminhoneiros

A semana será decisiva para solucionar o impasse que pode ocasionar, novamente, uma greve nacional dos caminhoneiros, marcada para o próximo dia 29. Com a paralisação de maio de 2018 próxima de completar um ano e após o reajuste feito pela Petrobras no preço médio do diesel nas refinarias, de 4,84%, válido desde quinta-feira (18), algumas lideranças elevaram o tom em poucos dias, queixando-se de até hoje não terem sido ouvidas pelo Planalto.

A Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) tem audiência marcada com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, nesta segunda-feira (22). A agenda foi divulgada em nota disparada pela entidade na véspera do feriado da Semana Santa, alertando ainda que o reajuste do óleo diesel pela Petrobras “aumentou ainda mais a tensão instalada na categoria, que carrega desde o ano passado a frustração de não ter a Lei do Piso Mínimo do Frete cumprida”.

O caminhoneiro Wanderlei Alves, o Dedéco, de Curitiba (PR), uma das lideranças da classe, disse neste domingo que só há duas saídas para evitar uma greve geral. “Ou o governo faz valer o piso mínimo em todo o País no prazo máximo de três dias após essa reunião, ou reduz em torno de R$ 0,50 a R$ 0,60 o preço do diesel até que o piso comece a valer”. A categoria chegou a se mobilizar para paralisar no dia 30 de março, mas houve um recuo e a adesão foi baixa.

O novo movimento grevista divide a classe, já que algumas entidades sindicais identificaram boa vontade no pacote anunciado dia 16 pelo governo do presidente Jair Bolsonaro. Entre as medidas voltadas a melhorar as condições do transporte de cargas rodoviário no País estão uma linha de crédito de até R$ 30 mil para manutenção e compra de pneus de caminhões, com fundo inicial de R$ 500 milhões, R$ 2 bilhões para conclusão de obras, além de manutenção de estradas e eixos rodoviários, e um cartão-combustível para abastecimento a preço subsidiado.

A insatisfação maior dos trabalhadores, no entanto, é com a falta de fiscalização da aplicação do piso do frete, assim como a correção desses valores prevista na Lei 13.703 – que estabeleceu a Política Nacional de Pisos Mínimos do Transporte Rodoviário de Cargas. Se aplicadas corretamente, as regras seriam uma forma de amenizar o impacto das altas no preço do óleo diesel nas bombas, argumentam os caminhoneiros.

A CNTA fez um levantamento em sua base de associados – formada por 140 sindicatos, nove federações e uma associação colaborativa – para confirmar o posicionamento dos caminhoneiros. A pesquisa identificou que o anúncio reacendeu insatisfação generalizada na categoria, que “está impaciente à espera de uma resposta do Governo”.

Os caminhoneiros, muitos dos quais associados às organizações consultadas pela CNTA e outros sem qualquer vínculo sindical, queixam-se de que as lideranças que negociam com o Planalto não os representam. “Infelizmente o governo tem escutado lideranças que não têm caminhão, não sabem o custo que é ter um caminhão, quanto custa um pneu, quanto se gasta de óleo, não sabem quanto de média faz um caminhão”, diz Alves.

Nas reuniões com os ministros Freitas e Onyx Lorenzoni (Casa Civil), a categoria vem sendo representada pelo caminhoneiro Wallace Landim, o Chorão, de Catalão (GO). O transportador autônomo conquistou a confiança de importantes líderes sindicais, como o diretor do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Baixada Santista e Vale do Ribeira (Sindicam), José Cícero Rodrigues, e o presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas de Volta Redonda e Região Sul Fluminense (Sinditac-VR), Francisco Wild. Com influência em regiões bastante afetadas pela greve de 2018, ambos garantem que os caminhoneiros locais não vão aderir a uma greve neste momento.

 

Fonte: Valor Econômico

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