O Brasil é um dos protagonistas do agronegócio mundial, pelas suas características naturais e, sobretudo, pelo uso da tecnologia, que elevou a produtividade do País a níveis inimagináveis há 40 anos, quando iniciou-se o processo de modernização na agropecuária nacional.
Hoje, as startups do agronegócio – também conhecidas como “AgTechs” – são uma tendência. O Brasil possui atualmente 1.124 empresas de tecnologia voltadas ao setor, segundo dados do Radar AgTech, estudo divulgado recentemente pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em parceria com a consultoria Homo Ludens e o fundo SP ventures.
Dessas empresas, 66% (739 agtechs) estão concentradas na região Sudeste, em seguida vem a região Sul (257), Centro-Oeste (71), Nordeste (41) e a região Norte, com 16 startups do agro.
Visando acompanhar essa tendência, o Senar AgroUp – plataforma do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural –, uma rede nacional de inovação para o agronegócio, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex), está promovendo, em cinco estados das cinco regiões brasileiras (Bahia, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rondônia e Rio grande do Sul), ações de fomento à tecnologia rural.
“O mundo está mudando muito rapidamente em todos os segmentos. A gente vai surfar na onda da disrupção digital ou vai ser engolido por ela? A gente prefere surfar na onda da disrupção, por isso surgiu o Senar AgroUp”, ressalta Guilherme Moura, vice-presidente administrativo da Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia (Faeb) e assessor executivo do Senar/BA.
Na Bahia, uma dessas ações é o Inova.Farm, que ocorreu entre os dias 30 de agosto e 1º de setembro em Luís Eduardo Magalhães, no sindicato rural da cidade, localizada no oeste do estado. Com mais de 50 horas de atividades em três dias, programadores, empreendedores rurais, designers e demais profissionais e estudantes de áreas afins, sob a supervisão de mentores, desenvolveram ideias para auxiliar os produtores rurais no dia a dia.
“Este evento está sendo um momento ímpar para o Oeste da Bahia”, disse o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Luís Eduardo Magalhães (SPRLEM), Cícero Teixeira. “São jovens, alguns empresários do ramo, tentando uma ideia nova para o agro, criando soluções diferentes para que a gente possa fazer uma administração mais segura”, complementou o vice-presidente da entidade, Ricardo Mariotti.
Ao todo, 7 equipes participaram do Inova.Farm, todas com o mesmo intuito: desenvolver projetos que visem, através da tecnologia, auxiliar a cadeia produtiva da agropecuária na solução de problemas. No final do evento, 3 equipes foram premiadas: Agri Unfire (3ª), Fish Farm (2ª) e Aproxima Grãos, 1ª colocada.
“Hoje em dia nós não temos muita comunicação entre comprador e vendedor de grãos, queremos trazer todo mundo para uma mesma plataforma, para aproximar oferta e demanda”, explica o programador Nailton Ficagna, membro da Aproxima Grãos, equipe vencedora. “Foi um evento formidável. No início é maçante, até achar o problema, mas quando você começa ver a evolução da ideia e tem a noção de que aquilo pode solucionar um problema, é gratificante. Chegar ao final dessas mais de 50 horas foi uma experiência única”, ressaltou.
Com a primeira colocação, a Aproxima Grãos irá participar da Trilha Agritech Sebrae, um treinamento de 40 horas com especialistas sobre capacitação de recursos externos para viabilizar o negócio. O grupo também participará de um período de incubação de seis meses na Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB), onde terá todo suporte necessário para que a empresa possa continuar funcionando.
A Fish Farm, segunda colocada, receberá uma mentoria da aceleradora Cyklo, além de participar dos seis meses de incubação na UFOB. A Agri Unfire, terceira colocada, também passará pela mentoria da aceleradora Cyklo e os seus membros ganharão ingressos para o Rio Info, maior evento de negócios e Tecnologia da Informação (TI) do Brasil, que acontecerá no Rio de Janeiro.
O Inova.Farm LEM contou com o apoio da Associação dos Jovens Empreendedores da Bahia (Aje Bahia), Canal Rural, Coopag Alimentos, Cyklo, G7 Net, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Universidade Federal do Oeste Bahia (UFOB) e Vale dos Quitandeiros.
Redação Matopiba Agro – Túlio França
